Diário da EDUCAR 2012
Aqui você encontrará as minhas impressões sobre a EDUCAR 2012.
Impressões gerais: O local estava lotado, tive que comer em pé, pois não haviam mesas na hora do almoço. Todas as palestras sempre cheias com profissionais de todos os cantos do Brasil.
Não tive tempo de visitar os stands com calma, pois utilizei o tempo vago para comer e montar este diário de bordo. Amanhã tentarei ver com calma alguns stands e com certeza comprarei alguns livros [que não sei quando terei tempo de ler].
Desculpem se alguma parte do texto estiver com concordâncias erradas, mas terminei este resumão agora [22:42h] e amanhã terei que levantar cedo novamente.
O mais importante é poder compartilhar este momento com aqueles que não puderam estar lá e justificar a a confiança da minha participação no evento.
Dia 17/05/12
Palestra: Utilização do conceito construído em outros contextos – Não
basta aprender só para fazer uma prova.
Por Marcos Meier. www.marcosmeier.com.br
A palestra foi centrada no
princípio na mediação da aprendizagem. O palestrante apresentou argumentos a
favor da aprendizagem significativa, trazendo como referências os autores
Reuven Feuerstein e David Ausubel, relacionando o aprendizado com a real interdisciplinaridade
e a ação ativa do aluno em sala de aula.
As duas ideias principais foram:
1] Mediação do SIGNIFICADO: contrapondo a
característica e o atributo. O palestrante defendeu a ideia que as impressões
pessoais e a subjetividade são essenciais para a aprendizagem. Além disso,
argumentou a favor da subjetividade em qualquer escala de ensino apresentando
exemplos tanto para educação infantil como para o ensino médio. A premissa
parte que os atributos possuem significado.
Assista o vídeo mostrado na palestra: http://www.youtube.com/watch?v=_3rane6QAl0
Assista o vídeo mostrado na palestra: http://www.youtube.com/watch?v=_3rane6QAl0
2] Mediação com TRANSCENDÊNCIA: Foi apresentada
a ideia suplantar a transferência [repetir o exercício de formas diferentes] e
atingir primeiro a abstração e aplicação de práticas do cotidiano para atingir
a aprendizagem. O palestrante apresentou exemplos de “falsos” exemplos de interdisciplinaridade
e contextualização onde aluno e professor acham que aprendem, mas na verdade
estão apenas realizando analogias e não são capazes de desenvolver o
aprofundamento de conteúdos.
A palestra termina com a promoção
do livro MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL [Gislaine C. Budel e Marcos Meier].
Na parte das perguntas abertas, foi
feito o questionamento sobre como conviver com esta mediação e “dar conta” dos
conteúdos para o vestibular. O palestrante afirmou que esta mudança não deve
vir dos professores e escolas, mas sim de estâncias superiores [ENEM /
VESTIBULARES]. Fomos informados que uma nova comissão organizadora do ENEM deve
alterar o estilo do sistema [ex: permitindo o uso de calculadoras para as
questões matemáticas – as calculadoras seriam entregues aos alunos no dia da
avaliação].
OPNIÃO PESSOAL: O palestrante foi
muito bem em suas explicações e exemplos, mas não apresentou nada que os
professores já não saibam, mas infelizmente não usam. Acredito que sempre
devemos apresentar exemplos interessantes em qualquer explicação [como contar
casos pessoais ou curiosidades], desta forma conseguiremos atingir o ATRIBUTO e
não apenas a CARACTERÍSTICA. Foi mais uma palestra do mesmo com uma roupagem
nova. Nota: 7,0 [mais pelo carisma do apresentador do que pelo conteúdo]
PALESTRA: Mudança e
Inovação: Riscos e Desafios.
Mario Cortella
A palestra tratou de recuperar
diversos ensinamentos e conceitos de Paulo Freire, que foi citado
constantemente pelo palestrante. Além disso, boa parte da palestra serviu de
propaganda para os diversos livros publicados pelo palestrante e suas
respectivas editoras que estavam com estandes no evento.
Os aspectos apresentados na
palestra foram centrados nas virtudes do professor perante os novos desafios da
educação. A virtude mais comentada foi a HUMILDADE [com várias citações a Paulo
Freire]. O palestrante afirma que devemos enfrentar e excluir o professor
ARROGANTE, aquele que já sabe tudo e acredita que nada mais possa lhe ser
ensinado. Para seguir na vanguarda a escola deve saber diferenciar o conceito
ARCAICO do conceito TRADICIONAL. O ARCAICO é aquele que perde a vitalidade, enquanto
o TRADICIONAL é aquele que resgata coisas antigas sem perder sua vitalidade. Da
mesma forma que o professor deve se atualizar para não ser considerado
ultrapassado, deve-se tomar cuidado para não misturar o NOVO com a NOVIDADE
[MODERNO x MODERNOSO]. O professor acomodado e resmungão não está aberto as novidades e sempre dá a
impressão que trabalha, mas é pessimista [sempre espera algo dar errado para
criticar as novas iniciativas]. Este professor é aquele que acredita fazendo
sempre do mesmo jeito terá resultados diferentes com seus alunos que fracassam.
Ainda dentro da HUMILDADE, o professor deve estar aberto a não negar a
utilização de tecnologia, mas sem ficar totalmente dependente deste recurso
[ex: professores que apenas fazem a leitura de seus slides em aula].
O palestrante também citou o
problema de “poupar” os alunos de trabalhos ou de responsabilidades [jogando o
fracasso do aluno para o professor]. A palestra foi concluída com o pensamento
que os professores devem desenvolver métodos para falar o que necessitam de uma
forma que o aluno queira escutar, evitando o desinteresse.
OPINIÃO PESSOAL: Achei a palestra
fraca, onde o palestrante insistia em divulgar suas publicações e não achei
nada substancial e profundo. A palestra se resumiu a avisar aos presentes que
não podemos ser preguiçosos e devemos estar conectados no mundo de nossos
alunos. Talvez seja importante para que gestores fiquem mais atentos aos seus
comandados ou intensifiquem ações de aperfeiçoamento continuado. Nota: 5,0 [o
palestrante poderia ter dado o seu recado em 20 minutos indo direto ao assunto]
TALK-SHOW: São Deuses os
Professores? Os segredos dos professores de sucesso.
Patrícia Patrício
Este momento foi centrado em
questões feitas pelo entrevistador à convidada. As questões e respostas foram
resumidas abaixo.
1] O que é o sucesso para o
professor?
É o reconhecimento do professor
por aqueles que estão em contato direto com ele [alunos, colegas e gestores]. É
a capacidade de reverter o quadro da visão externa do professor como um
coitado. O sucesso depende do professor de divertir e ser feliz com o que faz e
é claro atingir seus objetivos.
2] Qual o segredo para o professor
fazer sucesso?
É um segredo. É um sigilo, ou
seja, cada um tem a sua técnica, não adianta copiar situações que funcionam
para um professor, pois a cópia será uma mera caricatura sem alma. Cada professor
possui seu talento individual.
3] O professor de cursinho é um
exemplo de sucesso? Ele é admirado pelos alunos pela sua postura?
Não. A palestrante acredita que a
postura de fazer palhaçadas e falar palavrões nada mais é do que uma forma de
atingir rapidamente os objetivos imediatos. Mas este professor deve lembrar que
ele é um MODELO para seus alunos e os maus exemplos que ele transmite acabam
sendo danosos para o aprendizado comportamental dos alunos. Em uma pesquisa
realizada com jovens, eles afirmaram que as pessoas em que mais confiam são os
pais e os professores. Como uma pessoa de confiança pode faltar com a educação
e apresentar comportamento não exemplar? O professor não deve ser um colega do
aluno e sim um exemplo. A postura do professor deve possui uma série de
elementos e não apenas representar um personagem de teatro.
3] Qual a relação entre o sucesso
e a qualidade de ensino?
Embora o resultado seja importante,
este é apenas um dos ingredientes para o sucesso. Ser professor não é
suficiente. Para a educação infantil e no ensino fundamental o professor deve
ter um caráter maternal/paternal e caminhar junto com o aluno. O professor deve
ser aquele que nunca desiste. O professor de cursinho não demonstra nenhuma
produção de conhecimento.
4] Ser um professor de sucesso é
inerente ou é um processo construído durante a vida do docente?
Embora haja uma tendência para
exercer a profissão de docente, ninguém nasce pronto. Todos são capazes de
fazer sucesso, mas necessitam treinar e correr atrás deste sonho. Tudo se
resume a competência e preparo.
5] Como um professor mais
introspectivo pode ter sucesso em sua carreira? O temperamento e a
personalidade influenciam no sucesso?
Sim, mas cada professor deve
conhecer seus limites. Os principais fatores relatados pelos alunos como aqueles
que mais fazem diferença na relação ensino aprendizagem são:
Ter paciência para explicar, usar
exemplos práticos e atuais, usar recursos diferentes para obter a atenção da
turma [quando uma aula está monótona], respeitar o aluno como pessoa, dar
atenção igual a todas as perguntas feitas em aula e também ensinar sobre a
vida. Uma dica que pode ser útil é o professor colocar no quadro em todas as
suas aulas a data, o conteúdo do dia e o objetivo a ser alcançado até o final
da aula. Outras virtudes são: ser competente, bem humorado e saber brincar com
a turma sem deixar a sala virar uma bagunça. Sou totalmente contra aqueles
professores que dão a mesma aula a 30 anos, experiência não é o mesmo que
repetição. Muitas vezes a escola sabe que o professor “é legal”, mas não sabe
100% da matéria que leciona e isto é um grave erro. O professor deve possui segurança
do conteúdo lecionado.
6] O professor “bonzinho”, mas sem conteúdo
faz sucesso?
Este professor deve procurar se
capacitar, sempre estudar e se atualizar.
7] Como professores de regiões carentes
podem ter sucesso?
O professor sempre tem que correr
atrás, estar sem recursos não pode ser desculpa para não dar a melhor aula.
Basta ter vontade e as coisas acontecerão. O professor sempre será uma
referência. Devemos lutar contra a inversão de valores e utilizar as
ferramentas virtuais para nos unir. Temos que resgatar nossa tradição, se o
professor não assume que caia fora.
8] O professor de sucesso deve ter
100% de aprovação de seus alunos?
Não. É claro que alguns índices de
aprovação são perigosos, como 10% no ensino fundamental, mas a escola tem que
entender que as exigências vão aumentando na escala do ensino fundamental e do
médio. Existem dados que compilam 20% de reprovação de física no primeiro ano
do ensino médio como um valor normal. Não podemos tirar a responsabilidade do
aluno e jogar toda a responsabilidade para o professor. Existem dificuldades
naturais que devem ser superadas.
O talk-show a apresentação dos
links do MELHOR PROFESSOR DO MUNDO [matéria da revista VEJA].
Seguem os links para acesso:
- www.khanacademy.org/#browse [sensacional
para professores de matemática]
9] O que é necessário para ser
competente? De quem é a culpa da falta de preparo dos professores?
A grande verdade é que as universidades
de pedagogia e licenciaturas possuem vaidades acadêmicas. Fica-se discutindo
sobre o professor e o aluno serem reflexivos e não necessitarem de
aprofundamento de conteúdo, o que leva à formação de profissionais que não
sabem o que ensinar, apenas como. Devemos resgatar os conteúdos sim, pois tudo
está muito “solto”. Quando o professor se forma e tem que dar aulas, ele acaba
enrascado e sofre para se aprofundar nos conteúdos que terá que dar conta. O
professor não pode ficar refletindo em sua própria imagem, ele deve ter
modelos, pois as coisas não saem do nada.
10] Qual o papel da formação
continuada na formação dos professores?
As escolas devem investir em
eventos como este para justamente permitir a educação continuada na formação e
capacitação de professores de sucesso. Os gestores devem entender a importância
de realizar treinamentos específicos por área ou por interesse e não apenas
levar palestrantes de renome para massagear o ego dos professores. Por outro
lado, os professores devem ter entusiasmo [que significa “Deus dentro de si” –
do grego]. Ser professor é uma terapia, é semear valores. Jamais devemos perder
o orgulho e a excelência.
Opinião: Gostei bastante do estilo
talk-show onde as perguntas surgiam de forma espontânea [embora já houvesse um
tema gerador previamente combinado]. Muitas vezes notamos que a convidada
falava de coração e improviso, ou seja, tocou a todos com emoção. Vibrei com a postura de se opor a aula show
dos professores de cursinho [que acabam virando heróis por falarem palavrão e
darem macetes para passar no vestibular]. Nota: 9,0
PALESTRA: AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
DO PROFESSOR COMO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL
Por Alexandre Ventura
O palestrante iniciou demonstrando
a importância do professor no processo de aprendizagem e a sua influência na
qualidade do ensino das instituições. Consequentemente, sem avaliar os
professores não se pode avaliar a qualidade do ensino.
Os professores bons possuem um
impacto na vida do aluno em longo prazo, e por isso a qualidade do professor
deve ser investigada.
Os professores devem ser avaliados
até mesmo com uma responsabilidade social, mas deve-se tomar cuidado já que a
sociedade avaliadora está mais dominante [auditorias, rankings, etc..] Existe um
“olho de vigilância” sobre todos, aumentando a pressão sobre os profissionais. “O
que é medido, controlado, será realizado”.
As pessoas acabam fazendo sua
própria vigilância [o controlado é controlador]: concepção panóptica.
Existe então a ESCOLA ICEBERG.
Estão visíveis: disciplina, horários, objetivos,
regulamentos e classificações. Não estão visíveis: Boa vontade, motivação,
medo, cansaço, abertura, interesses, ceticismo, identidade entre outros. Esta
parte invisível é fundamental para a avaliação dos professores.
O professor deve entender a
importância de ser avaliado e não encarar este ato como um perigo para sua
carreira, mas como um benefício em sua evolução profissional.
Para formatar a confiança da
avaliação do professor é necessário:
- Não existir nenhuma surpresa
desagradável [um feedback constante para reorganizar os rumos e diretrizes]
- conhecer a competência do
avaliador. Estas pessoas devem ser formadas especificamente para esta
atividade.
- a avaliação não deve ser interpretada
como uma competição entre professores para ver quem é o melhor.
- deve-se entender que se trata de
um processo organizacional e não um julgamento.
- os professores não devem ficar
na defensiva e sempre colaboram para o processo.
A COMUNICAÇÃO / COLABORAÇÃO / COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL se unem para
uma AVALIAÇÃO DE QUALIDADE.
As ferramentas de avaliação devem
possuir:
- Segurança / confiança /
credibilidade / estabilidade
- Podem ser utilizadas os
processos de auto-avaliação, auto-regulação, avaliação externa e avaliação
feita por alunos, mas nunca apenas uma destas ferramentas. Elas devem interagir
para um resultado real.
A avaliação do professor consegue:
- evidenciar o nível de desempenho
e colaborar para a melhora deste.
- serve como uma prestação de
contas para a sociedade e da qualidade do sistema educacional.
O modelo de avaliação deve ser
justo e eficaz, ou seja, o ponto principal é o acompanhamento das aulas pelo
avaliador, realizando o cruzamento de informações de diversas origens.
MODELO [AVAIADOR E AVALIADO DEVEM]:
- Definir a qualidade de ensino desejada
- Criar um diálogo sobre o
desempenho desejado antes de acompanhar a aula.
- Se encontrar antes e depois da
aula analisada para debater e dialogar [deve acontecer em um espaço de tempo
curto para ter maior eficiência]
- devem se concentrar nos aspectos
importantes das questões de ensino aprendizagem e não em questões fúteis e
estéticas.
- deve ser benéfico para professor e escola.
- deve prever que os avaliadores
devem estar treinados para este papel específico e de ação continuada.
AS DESVANTAGENS DE REALIZAR POUCAS
OBSERVAÇÕES DE AULAS SÃO:
- Ritualização e encenação para
aquele momento específico com a função de impressionar o avaliador e não
retratar a real situação.
- Criar uma ilusão e competição
entre professores.
EXEMPLO QUE PODE SER UTILIZADO: AVALIAÇÃO
DEMOCRÁTICA
Esta avaliação promove a justiça,
equidade, respeito e emancipação. Funciona quando dois professores se unem para
um avaliar o outro. Normalmente as aulas são filmadas e os dois professores se reúnem
para analisar de forma franca os pontos fortes e fracos da situação. A
supervisão entre os pares gera um caráter de confidencialidade capaz de abrir
as portas para a melhoria de cada desempenho profissional e pessoal. Os
professores acham soluções e refinam suas competências. Basta que os pares
sejam afins e o processo se mantenha por 2 ou 3 anos.
OPNIÃO: De longe a melhor
palestra, onde o professor trouxe novidades teóricas e práticas e não quis
vender nenhum livro para a plateia. O tema também foi bem polêmico e ideal para
instigar minha curiosidade em ler mais sobre o assunto e discutir com os
colegas sobre ferramentas e métodos de avaliar meu desempenho. Nota; 10,0
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