quinta-feira, 17 de maio de 2012

EDUCAR 2012 - Parte 01



Diário da EDUCAR 2012



Aqui você encontrará as minhas impressões sobre a EDUCAR 2012
Impressões gerais: O local estava lotado, tive que comer em pé, pois não haviam mesas na hora do almoço. Todas as palestras sempre cheias com profissionais de todos os cantos do Brasil. 
Não tive tempo de visitar os stands com calma, pois utilizei o tempo vago para comer e montar este diário de bordo. Amanhã tentarei ver com calma alguns stands e com certeza comprarei alguns livros [que não sei quando terei tempo de ler]. 
Desculpem se alguma parte do texto estiver com concordâncias erradas, mas terminei este resumão agora [22:42h] e amanhã terei que levantar cedo novamente. 
O mais importante é poder compartilhar este momento com aqueles que não puderam estar lá e justificar a a confiança da minha participação no evento.  

Dia 17/05/12
Palestra: Utilização do conceito construído em outros contextos – Não basta aprender só para fazer uma prova.
Por Marcos Meier. www.marcosmeier.com.br

A palestra foi centrada no princípio na mediação da aprendizagem. O palestrante apresentou argumentos a favor da aprendizagem significativa, trazendo como referências os autores Reuven Feuerstein e David Ausubel, relacionando o aprendizado com a real interdisciplinaridade e a ação ativa do aluno em sala de aula.
As duas ideias principais foram:
1] Mediação do SIGNIFICADO: contrapondo a característica e o atributo. O palestrante defendeu a ideia que as impressões pessoais e a subjetividade são essenciais para a aprendizagem. Além disso, argumentou a favor da subjetividade em qualquer escala de ensino apresentando exemplos tanto para educação infantil como para o ensino médio. A premissa parte que os atributos possuem significado.

Assista o vídeo mostrado na palestra: http://www.youtube.com/watch?v=_3rane6QAl0

2] Mediação com TRANSCENDÊNCIA: Foi apresentada a ideia suplantar a transferência [repetir o exercício de formas diferentes] e atingir primeiro a abstração e aplicação de práticas do cotidiano para atingir a aprendizagem. O palestrante apresentou exemplos de “falsos” exemplos de interdisciplinaridade e contextualização onde aluno e professor acham que aprendem, mas na verdade estão apenas realizando analogias e não são capazes de desenvolver o aprofundamento de conteúdos.
A palestra termina com a promoção do livro MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM EDUCAÇÃO ESPECIAL [Gislaine C. Budel e Marcos Meier].
Na parte das perguntas abertas, foi feito o questionamento sobre como conviver com esta mediação e “dar conta” dos conteúdos para o vestibular. O palestrante afirmou que esta mudança não deve vir dos professores e escolas, mas sim de estâncias superiores [ENEM / VESTIBULARES]. Fomos informados que uma nova comissão organizadora do ENEM deve alterar o estilo do sistema [ex: permitindo o uso de calculadoras para as questões matemáticas – as calculadoras seriam entregues aos alunos no dia da avaliação].
OPNIÃO PESSOAL: O palestrante foi muito bem em suas explicações e exemplos, mas não apresentou nada que os professores já não saibam, mas infelizmente não usam. Acredito que sempre devemos apresentar exemplos interessantes em qualquer explicação [como contar casos pessoais ou curiosidades], desta forma conseguiremos atingir o ATRIBUTO e não apenas a CARACTERÍSTICA. Foi mais uma palestra do mesmo com uma roupagem nova. Nota: 7,0 [mais pelo carisma do apresentador do que pelo conteúdo]

PALESTRA: Mudança e Inovação: Riscos e Desafios.
Mario Cortella

A palestra tratou de recuperar diversos ensinamentos e conceitos de Paulo Freire, que foi citado constantemente pelo palestrante. Além disso, boa parte da palestra serviu de propaganda para os diversos livros publicados pelo palestrante e suas respectivas editoras que estavam com estandes no evento.
Os aspectos apresentados na palestra foram centrados nas virtudes do professor perante os novos desafios da educação. A virtude mais comentada foi a HUMILDADE [com várias citações a Paulo Freire]. O palestrante afirma que devemos enfrentar e excluir o professor ARROGANTE, aquele que já sabe tudo e acredita que nada mais possa lhe ser ensinado. Para seguir na vanguarda a escola deve saber diferenciar o conceito ARCAICO do conceito TRADICIONAL. O ARCAICO é aquele que perde a vitalidade, enquanto o TRADICIONAL é aquele que resgata coisas antigas sem perder sua vitalidade. Da mesma forma que o professor deve se atualizar para não ser considerado ultrapassado, deve-se tomar cuidado para não misturar o NOVO com a NOVIDADE [MODERNO x MODERNOSO]. O professor acomodado e resmungão  não está aberto as novidades e sempre dá a impressão que trabalha, mas é pessimista [sempre espera algo dar errado para criticar as novas iniciativas]. Este professor é aquele que acredita fazendo sempre do mesmo jeito terá resultados diferentes com seus alunos que fracassam. Ainda dentro da HUMILDADE, o professor deve estar aberto a não negar a utilização de tecnologia, mas sem ficar totalmente dependente deste recurso [ex: professores que apenas fazem a leitura de seus slides em aula].
O palestrante também citou o problema de “poupar” os alunos de trabalhos ou de responsabilidades [jogando o fracasso do aluno para o professor]. A palestra foi concluída com o pensamento que os professores devem desenvolver métodos para falar o que necessitam de uma forma que o aluno queira escutar, evitando o desinteresse.
OPINIÃO PESSOAL: Achei a palestra fraca, onde o palestrante insistia em divulgar suas publicações e não achei nada substancial e profundo. A palestra se resumiu a avisar aos presentes que não podemos ser preguiçosos e devemos estar conectados no mundo de nossos alunos. Talvez seja importante para que gestores fiquem mais atentos aos seus comandados ou intensifiquem ações de aperfeiçoamento continuado. Nota: 5,0 [o palestrante poderia ter dado o seu recado em 20 minutos indo direto ao assunto]

TALK-SHOW: São Deuses os Professores? Os segredos dos professores de sucesso.
Patrícia Patrício

Este momento foi centrado em questões feitas pelo entrevistador à convidada. As questões e respostas foram resumidas abaixo.
1] O que é o sucesso para o professor?
É o reconhecimento do professor por aqueles que estão em contato direto com ele [alunos, colegas e gestores]. É a capacidade de reverter o quadro da visão externa do professor como um coitado. O sucesso depende do professor de divertir e ser feliz com o que faz e é claro atingir seus objetivos.
2] Qual o segredo para o professor fazer sucesso?
É um segredo. É um sigilo, ou seja, cada um tem a sua técnica, não adianta copiar situações que funcionam para um professor, pois a cópia será uma mera caricatura sem alma. Cada professor possui seu talento individual.
3] O professor de cursinho é um exemplo de sucesso? Ele é admirado pelos alunos pela sua postura?
Não. A palestrante acredita que a postura de fazer palhaçadas e falar palavrões nada mais é do que uma forma de atingir rapidamente os objetivos imediatos. Mas este professor deve lembrar que ele é um MODELO para seus alunos e os maus exemplos que ele transmite acabam sendo danosos para o aprendizado comportamental dos alunos. Em uma pesquisa realizada com jovens, eles afirmaram que as pessoas em que mais confiam são os pais e os professores. Como uma pessoa de confiança pode faltar com a educação e apresentar comportamento não exemplar? O professor não deve ser um colega do aluno e sim um exemplo. A postura do professor deve possui uma série de elementos e não apenas representar um personagem de teatro.
3] Qual a relação entre o sucesso e a qualidade de ensino?
Embora o resultado seja importante, este é apenas um dos ingredientes para o sucesso. Ser professor não é suficiente. Para a educação infantil e no ensino fundamental o professor deve ter um caráter maternal/paternal e caminhar junto com o aluno. O professor deve ser aquele que nunca desiste. O professor de cursinho não demonstra nenhuma produção de conhecimento.
4] Ser um professor de sucesso é inerente ou é um processo construído durante a vida do docente?
Embora haja uma tendência para exercer a profissão de docente, ninguém nasce pronto. Todos são capazes de fazer sucesso, mas necessitam treinar e correr atrás deste sonho. Tudo se resume a competência e preparo.
5] Como um professor mais introspectivo pode ter sucesso em sua carreira? O temperamento e a personalidade influenciam no sucesso?
Sim, mas cada professor deve conhecer seus limites. Os principais fatores relatados pelos alunos como aqueles que mais fazem diferença na relação ensino aprendizagem são:
Ter paciência para explicar, usar exemplos práticos e atuais, usar recursos diferentes para obter a atenção da turma [quando uma aula está monótona], respeitar o aluno como pessoa, dar atenção igual a todas as perguntas feitas em aula e também ensinar sobre a vida. Uma dica que pode ser útil é o professor colocar no quadro em todas as suas aulas a data, o conteúdo do dia e o objetivo a ser alcançado até o final da aula. Outras virtudes são: ser competente, bem humorado e saber brincar com a turma sem deixar a sala virar uma bagunça. Sou totalmente contra aqueles professores que dão a mesma aula a 30 anos, experiência não é o mesmo que repetição. Muitas vezes a escola sabe que o professor “é legal”, mas não sabe 100% da matéria que leciona e isto é um grave erro. O professor deve possui segurança do conteúdo lecionado.
 6] O professor “bonzinho”, mas sem conteúdo faz sucesso?
Este professor deve procurar se capacitar, sempre estudar e se atualizar.
7] Como professores de regiões carentes podem ter sucesso?
O professor sempre tem que correr atrás, estar sem recursos não pode ser desculpa para não dar a melhor aula. Basta ter vontade e as coisas acontecerão. O professor sempre será uma referência. Devemos lutar contra a inversão de valores e utilizar as ferramentas virtuais para nos unir. Temos que resgatar nossa tradição, se o professor não assume que caia fora.
8] O professor de sucesso deve ter 100% de aprovação de seus alunos?
Não. É claro que alguns índices de aprovação são perigosos, como 10% no ensino fundamental, mas a escola tem que entender que as exigências vão aumentando na escala do ensino fundamental e do médio. Existem dados que compilam 20% de reprovação de física no primeiro ano do ensino médio como um valor normal. Não podemos tirar a responsabilidade do aluno e jogar toda a responsabilidade para o professor. Existem dificuldades naturais que devem ser superadas.
O talk-show a apresentação dos links do MELHOR PROFESSOR DO MUNDO [matéria da revista VEJA].
Seguem os links para acesso:
- www.khanacademy.org/#browse [sensacional para professores de matemática]

9] O que é necessário para ser competente? De quem é a culpa da falta de preparo dos professores?
A grande verdade é que as universidades de pedagogia e licenciaturas possuem vaidades acadêmicas. Fica-se discutindo sobre o professor e o aluno serem reflexivos e não necessitarem de aprofundamento de conteúdo, o que leva à formação de profissionais que não sabem o que ensinar, apenas como. Devemos resgatar os conteúdos sim, pois tudo está muito “solto”. Quando o professor se forma e tem que dar aulas, ele acaba enrascado e sofre para se aprofundar nos conteúdos que terá que dar conta. O professor não pode ficar refletindo em sua própria imagem, ele deve ter modelos, pois as coisas não saem do nada.
10] Qual o papel da formação continuada na formação dos professores?
As escolas devem investir em eventos como este para justamente permitir a educação continuada na formação e capacitação de professores de sucesso. Os gestores devem entender a importância de realizar treinamentos específicos por área ou por interesse e não apenas levar palestrantes de renome para massagear o ego dos professores. Por outro lado, os professores devem ter entusiasmo [que significa “Deus dentro de si” – do grego]. Ser professor é uma terapia, é semear valores. Jamais devemos perder o orgulho e a excelência.

Opinião: Gostei bastante do estilo talk-show onde as perguntas surgiam de forma espontânea [embora já houvesse um tema gerador previamente combinado]. Muitas vezes notamos que a convidada falava de coração e improviso, ou seja, tocou a todos com emoção.  Vibrei com a postura de se opor a aula show dos professores de cursinho [que acabam virando heróis por falarem palavrão e darem macetes para passar no vestibular]. Nota: 9,0


PALESTRA: AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO PROFESSOR COMO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL
Por Alexandre Ventura

O palestrante iniciou demonstrando a importância do professor no processo de aprendizagem e a sua influência na qualidade do ensino das instituições. Consequentemente, sem avaliar os professores não se pode avaliar a qualidade do ensino.
Os professores bons possuem um impacto na vida do aluno em longo prazo, e por isso a qualidade do professor deve ser investigada.
Os professores devem ser avaliados até mesmo com uma responsabilidade social, mas deve-se tomar cuidado já que a sociedade avaliadora está mais dominante [auditorias, rankings, etc..] Existe um “olho de vigilância” sobre todos, aumentando a pressão sobre os profissionais. “O que é medido, controlado, será realizado”.
As pessoas acabam fazendo sua própria vigilância [o controlado é controlador]: concepção panóptica.
Existe então a ESCOLA ICEBERG. Estão visíveis:  disciplina, horários, objetivos, regulamentos e classificações. Não estão visíveis: Boa vontade, motivação, medo, cansaço, abertura, interesses, ceticismo, identidade entre outros. Esta parte invisível é fundamental para a avaliação dos professores.
O professor deve entender a importância de ser avaliado e não encarar este ato como um perigo para sua carreira, mas como um benefício em sua evolução profissional.
Para formatar a confiança da avaliação do professor é necessário:
- Não existir nenhuma surpresa desagradável [um feedback constante para reorganizar os rumos e diretrizes]
- conhecer a competência do avaliador. Estas pessoas devem ser formadas especificamente para esta atividade.
- a avaliação não deve ser interpretada como uma competição entre professores para ver quem é o melhor.
- deve-se entender que se trata de um processo organizacional e não um julgamento.   
- os professores não devem ficar na defensiva e sempre colaboram para o processo.

A COMUNICAÇÃO / COLABORAÇÃO  / COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL se unem para uma AVALIAÇÃO DE QUALIDADE.
As ferramentas de avaliação devem possuir:
- Segurança / confiança / credibilidade / estabilidade
- Podem ser utilizadas os processos de auto-avaliação, auto-regulação, avaliação externa e avaliação feita por alunos, mas nunca apenas uma destas ferramentas. Elas devem interagir para um resultado real.
A avaliação do professor consegue:
- evidenciar o nível de desempenho e colaborar para a melhora deste.
- serve como uma prestação de contas para a sociedade e da qualidade do sistema educacional.

O modelo de avaliação deve ser justo e eficaz, ou seja, o ponto principal é o acompanhamento das aulas pelo avaliador, realizando o cruzamento de informações de diversas origens.
MODELO [AVAIADOR E AVALIADO DEVEM]:
-  Definir a qualidade de ensino desejada
- Criar um diálogo sobre o desempenho desejado antes de acompanhar a aula.
- Se encontrar antes e depois da aula analisada para debater e dialogar [deve acontecer em um espaço de tempo curto para ter maior eficiência]
- devem se concentrar nos aspectos importantes das questões de ensino aprendizagem e não em questões fúteis e estéticas.
 - deve ser benéfico para professor e escola.
- deve prever que os avaliadores devem estar treinados para este papel específico e de ação continuada.

AS DESVANTAGENS DE REALIZAR POUCAS OBSERVAÇÕES DE AULAS SÃO:
- Ritualização e encenação para aquele momento específico com a função de impressionar o avaliador e não retratar a real situação.
- Criar uma ilusão e competição entre professores.

EXEMPLO QUE PODE SER UTILIZADO: AVALIAÇÃO DEMOCRÁTICA
Esta avaliação promove a justiça, equidade, respeito e emancipação. Funciona quando dois professores se unem para um avaliar o outro. Normalmente as aulas são filmadas e os dois professores se reúnem para analisar de forma franca os pontos fortes e fracos da situação. A supervisão entre os pares gera um caráter de confidencialidade capaz de abrir as portas para a melhoria de cada desempenho profissional e pessoal. Os professores acham soluções e refinam suas competências. Basta que os pares sejam afins e o processo se mantenha por 2 ou 3 anos.

OPNIÃO: De longe a melhor palestra, onde o professor trouxe novidades teóricas e práticas e não quis vender nenhum livro para a plateia. O tema também foi bem polêmico e ideal para instigar minha curiosidade em ler mais sobre o assunto e discutir com os colegas sobre ferramentas e métodos de avaliar meu desempenho. Nota; 10,0


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